segunda-feira, 3 de março de 2025

Do “Big Bang” ao “Bardo Thodol”

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 A questão da gênese da criação é um ponto de interseção complexo entre ciência, filosofia e religião. A verdadeira natureza da vida após a morte ainda é um mistério e, isso também se aplica à origem do universo. Diferentes campos de estudo oferecem perspectivas distintas:

Perspectivas Científicas:

Teoria do Big Bang:

A cosmologia moderna propõe que o universo se originou de uma singularidade, um ponto de densidade e temperatura infinitas, há cerca de 13,8 bilhões de anos.

A expansão do universo, a radiação cósmica de fundo e a distribuição de galáxias fornecem evidências para essa teoria.

No entanto, a ciência ainda não compreende completamente o que precedeu o Big Bang ou o que causou a singularidade.

Física Quântica:

A física quântica explora o comportamento das partículas subatômicas e propõe que o vácuo quântico, o espaço vazio, não é realmente vazio, mas sim um campo de flutuações energéticas.

Alguns físicos especulam que o universo pode ter surgido de uma dessas flutuações.

A teoria das múltiplas dimensões e multiversos também é explorada, sugerindo que nosso universo pode ser apenas um de muitos.

Astrofísica:

A Astrofísica estuda o nascimento e a morte das estrelas, a formação de galáxias e a evolução do universo.

O estudo sobre a matéria escura e a energia escura, são umas das maiores pesquisas da astrofísica, pois ajudaria a entender melhor sobre a criação do universo.

Perspectivas Religiosas e Filosóficas:

Gênesis e Criação:

As tradições religiosas abraâmicas, como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, descrevem a criação do universo por um Deus transcendente.

O livro de Gênesis, na Bíblia, narra a criação do mundo em seis dias, com Deus criando a luz, a Terra, os seres vivos e, finalmente, o ser humano.

Outras religiões e mitologias ao redor do mundo também oferecem suas próprias narrativas da criação.

Filosofia:

Filósofos ao longo da história têm debatido a questão da origem do universo, propondo diversas teorias sobre a natureza da realidade e a existência de um criador.

O conceito de "causa primeira", proposto por Aristóteles, busca uma explicação para a origem de tudo o que existe.

O existencialismo, busca entender o sentido da vida, e o porquê da existência humana.

Considerações Importantes:

A ciência e a religião oferecem perspectivas diferentes, mas complementares, sobre a criação.

A ciência busca explicações baseadas em evidências empíricas, enquanto a religião oferece respostas baseadas na fé e na revelação.

A filosofia busca entender as questões fundamentais da existência, explorando tanto as perspectivas científicas quanto as religiosas.

Assim, a questão da gênese da criação continua sendo um mistério profundo, e a busca por respostas continuas.

Alfa e Ômega

A expressão "Alfa e Ômega" é uma referência bíblica que simboliza a totalidade, o princípio e o fim de todas as coisas. Para entender o significado, é preciso analisar o contexto em que a expressão aparece:

Origem Bíblica:

A expressão é encontrada no livro do Apocalipse, no Novo Testamento da Bíblia.

Em Apocalipse 1:8, Deus diz: "Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso".

A mesma expressão é repetida em Apocalipse 21:6 e 22:13, reforçando o simbolismo.

Significados Simbólicos:

Alfa e Ômega:

 São a primeira e a última letras do alfabeto grego, respectivamente.

Princípio e Fim:

 A expressão simboliza que Deus é o início e o fim de todas as coisas, o criador e o consumador do universo.

Totalidade e Eternidade:

 Representa a totalidade do tempo e do espaço, a eternidade de Deus e seu poder absoluto.

Interpretações e Uso:

A expressão é usada para enfatizar a soberania e a onipotência de Deus, sua presença em todos os momentos e em todos os lugares.

Na teologia cristã, "Alfa e Ômega" é um dos títulos de Jesus Cristo, que é considerado o Filho de Deus e o mediador entre Deus e a humanidade.

A expressão também é usada em contextos seculares para simbolizar a totalidade, a completude ou a abrangência de algo.

Em resumo, "Alfa e Ômega" é uma expressão rica em simbolismo, que representa a totalidade, a eternidade e o poder absoluto de Deus, o princípio e o fim de todas as coisas.

Vida após a Morte

 Tal qual os mistérios que envolvem a elucidação do princípio do Universo, a questão da vida após a morte também permanece um dos maiores mistérios da existência humana, e a ciência contemporânea, apesar de seus avanços, ainda não possui respostas definitivas. No entanto, algumas áreas de pesquisa e tecnologias emergentes oferecem algumas perspectivas interessantes sobre o tema:

Neurociência e Consciência:

Estudos de Experiências de Quase Morte (EQM):

Pesquisadores têm investigado relatos de pessoas que vivenciaram EQMs, descrevendo sensações de sair do corpo, ver a própria vida passar diante dos olhos e encontrar entidades luminosas.

Embora essas experiências sejam intrigantes, a neurociência busca explicações dentro do funcionamento cerebral, como a liberação de neurotransmissores em situações de estresse extremo.

Inteligência Artificial e Consciência:

A IA avançada levanta questões sobre a natureza da consciência e se ela pode ser replicada ou transferida para outros substratos.

Alguns cientistas exploram a possibilidade de "upload" da consciência, transferindo a informação neural de um cérebro para um computador. No entanto, a viabilidade e as implicações éticas dessa tecnologia são amplamente debatidas.

Morte Cerebral e Atividade Residual:

Pesquisas recentes têm demonstrado que, mesmo após a declaração de morte cerebral, algumas atividades elétricas residuais podem persistir no cérebro.

Essas descobertas desafiam a definição tradicional de morte cerebral e levantam questões sobre a continuidade da consciência.

Física Quântica e Informação:

Teorias da Informação Quântica:

Alguns físicos exploram a ideia de que a informação que constitui a consciência pode não ser destruída com a morte do corpo, mas sim transferida para outra dimensão ou forma de existência.

Essa abordagem se baseia em princípios da física quântica, como o emaranhamento e a não localidade.

Hipótese do Universo Holográfico:

Essa hipótese sugere que o universo em que vivemos é uma projeção holográfica de informações armazenadas em uma superfície bidimensional.

Se essa teoria for verdadeira, a consciência poderia ser vista como informação codificada nesse holograma, que persistiria além da morte do corpo físico.

Estudos de Mediunidade e Reencarnação:

Pesquisa de Casos de Reencarnação:

Alguns pesquisadores têm documentado casos de crianças que relatam memórias de vidas passadas, com detalhes que podem ser verificados.

Embora esses casos sejam intrigantes, a comunidade científica permanece cética, e explicações alternativas, como criptomnésia (memórias ocultas) e influência cultural, são consideradas.

Estudos de Médiuns:

Pesquisadores têm estudado médiuns que afirmam se comunicar com espíritos de pessoas falecidas.

Ainda que existam muitos casos documentados, a ciência ainda não tem uma explicação concreta para esse fenômeno.

Conclusões:

A ciência ainda não possui evidências conclusivas sobre a vida após a morte.

A neurociência, a física quântica e outras áreas de pesquisa oferecem perspectivas interessantes, mas ainda especulativas.

A tecnologia, como a IA, pode fornecer ferramentas para explorar a natureza da consciência, mas também levanta questões éticas complexas.

A questão da vida após a morte permanece aberta, e a busca por respostas continua.

É importante ressaltar que a ciência e a espiritualidade não precisam ser mutuamente exclusivas. Muitos cientistas e filósofos acreditam que ambas as abordagens podem contribuir para uma compreensão mais profunda da existência humana.

O Bardo Thodol

O "Bardo Thodol", popularmente conhecido no Ocidente como "O Livro Tibetano dos Mortos", é uma obra milenar que transcende o simples entendimento da morte, adentrando os labirintos da consciência e da existência. Para compreendê-lo em sua totalidade, é preciso desvendar seus significados, origens, atribuições e finalidades.

Origens e Significados:

Bardo:

 Em tibetano, "bardo" significa "estado intermediário", um período de transição entre dois estados de existência. O "Bardo Thodol" descreve os diversos bardos que a consciência experimenta após a morte física.

Thodol:

 Traduzido como "liberação pela audição", refere-se à prática de ouvir as instruções contidas no texto durante o processo de morte e pós morte, buscando a libertação do ciclo de renascimentos.

Origem:

 O texto faz parte de um conjunto maior de ensinamentos revelados por Karma Lingpa no século XIV, pertencente à tradição Nyingma do budismo tibetano. Acredita-se que suas raízes remontem a tradições orais ancestrais, adaptadas e incorporadas ao budismo ao longo dos séculos.

Atribuições e Finalidades:

O "Bardo Thodol" serve como um guia para a consciência durante os estados intermediários, oferecendo instruções e orientações para reconhecer as diversas manifestações que surgem e alcançar a libertação.

É utilizado em rituais funerários tibetanos, onde um lama recita o texto ao lado do corpo do falecido, auxiliando a consciência a navegar pelos bardos.

Além de seu uso prático, o texto oferece insights profundos sobre a natureza da mente, a impermanência da existência e o potencial de libertação inerente a todos os seres.

Fundamentos Científicos e Compreensão:

Embora o "Bardo Thodol" seja uma obra religiosa, alguns estudiosos buscam paralelos entre seus ensinamentos e conceitos da psicologia moderna, como a natureza ilusória da realidade e a importância do reconhecimento da mente.

Carl Jung, por exemplo, estudou profundamente o "Bardo Thodol", encontrando nele arquétipos e símbolos que ressoavam com suas teorias sobre o inconsciente coletivo.

É importante ressaltar que a obra deve ser entendida dentro de seu contexto cultural e religioso, evitando interpretações simplistas ou reducionistas.

A Roda de Sansara:

No budismo, a roda do samsara é um termo utilizado para determinar o ciclo interminável de nascimento, morte e renascimento, impulsionado pela nossa conduta em vida e que possam ter gerado carma promovido pelas nossas emoções negativas. Dentro desse ciclo, existem seis estágios de consciência. Esses estágios sustentam teores vibratórios que promovem uma permanência temporal em reinos similares de existência, cada um com suas próprias inclinações, características, prazeres e sofrimentos:

1. Reino dos Deuses (Devas):

Atribuições:

 Habitado por seres de vibrações elevadas que promovem um desfrutar de prazeres e alegrias intensas.

Sensações:

 Felicidade constante, satisfação e poder.

Armadilha que precisa ser evitada:

 O orgulho e a complacência, que impedem o reconhecimento do sofrimento inerente à existência.

2. Reino dos Titãs (Asuras):

Atribuições:

 Morada de seres guerreiros, movidos pela inveja e pela competição.

Sensações:

 Ciúme, raiva e desejo de poder.

Armadilha que precisa ser evitada:

 A luta constante e a insatisfação, que geram sofrimento e conflito.

3. Reino Humano (Manusya):

Atribuições:

 O reino da dualidade, onde se experimenta tanto alegria quanto sofrimento.

Sensações:

 Uma mistura de emoções, desde a felicidade e o amor até a tristeza e a dor.

Armadilha que precisa ser evitada:

 O apego aos prazeres e a aversão ao sofrimento, que perpetuam o ciclo do samsara.

Diferencial:

 Devido a sua dualidade, este é o reino com maior potencial para a iluminação.

4. Reino Animal (Tiryagyoni):

Atribuições:

 Habitado por seres movidos por instintos básicos, como fome, medo e desejo sexual.

Sensações:

 Ignorância, medo e sofrimento físico.

Armadilha que precisa ser evitada:

 A falta de consciência e a incapacidade de compreender a natureza da realidade.

5. Reino dos Espíritos Ávidos (Espíritos famintos e carentes):

Atribuições:

 Morada de seres atormentados pela fome e pela sede insaciáveis.

Sensações:

 Carência, frustração e sofrimento constante.

Armadilha que precisa ser evitada:

 O apego e a ganância, que geram sofrimento e insatisfação.

6. Reino dos Infernos (Naraka):

Atribuições:

 Habitado por seres que sofrem tormentos físicos e mentais intensos.

Sensações:

 Raiva, ódio e sofrimento extremo.

Armadilha que precisa ser evitada:

 A raiva e o ódio, que geram sofrimento e violência.

Os seis reinos citados no Budismo não são necessariamente lugares físicos, mas sim estados de consciência que podem ser experimentados em diferentes momentos tanto da vida terrestre, quanto em estágios após a morte.

Citações e Fundamentos:

Vou me aprofundar de forma resumida e na linguagem ocidental sobre o texto que descreve os três bardos (estágios) principais:

1)  O bardo do momento da morte: “Chikai Bardo”

No budismo tibetano, o "bardo do momento da morte" (chikai bardo) é um estado de transição onde o falecido enfrenta a dissolução do seu "complexo psicofísico". Essa dissolução envolve a desintegração dos cinco agregados (forma, percepções, fenômenos mentais, tons afetivos e consciência) e dos cinco elementos do corpo (terra, água, fogo, ar e espaço), que são representações simbólicas de qualidades como estabilidade, fluidez, temperatura, movimento e possibilidade.

Durante esse processo, o corpo sutil, uma dimensão energética entre o físico e o mental, também passa por transformações. A energia sutil da consciência, que circula por canais e centros energéticos, sofre alterações significativas.

À medida que os elementos se dissolvem, o falecido experimenta sensações como peso na sua envoltura corporal (corpo astral), visões de "pirilampos no céu" e oscilações entre claridade e dormência. A consciência se refina gradualmente, e o falecido perde a capacidade de reconhecer de forma lúcida a realidade ao seu redor.

As "essências" do corpo sutil, provenientes da mãe (de coloração vermelha) e do pai (de coloração branca), movem-se pelo canal central em direção ao coração, gerando visões de "vermelhidão" e "brancura", respectivamente. A aproximação dessas essências causa uma visão de "negridão" e a sensação de cair em um abismo, seguida pela cessação do pensamento conceitual.

Após a última expiração, as essências se encontram, levando a um estado de êxtase. Nesse momento, o falecido pode experienciar sua verdadeira natureza: a consciência pura, radiante e vazia. Reconhecer essa natureza leva à libertação, enquanto a falta de reconhecimento leva à continuação para o próximo bardo, o "bardo da Realidade".

2)  O bardo da realidade última “Chönyid Bardo”:

O segundo estágio denominado "bardo da realidade" (chonyid bardo), o budismo tibetano descreve um estado pós morte onde a mente conceitual, vista como um véu que limita a percepção da realidade, se dissipa. A realidade, então, se revela em sua forma absoluta, interconectada e ilimitada.

Nesse bardo, o falecido encontra visões de várias entidades cósmicas, algumas pacíficas e outras iradas, que são, na verdade, reflexos da mesma entidade, mas percebidos de acordo com o estado emocional do falecido. As entidades pacíficas tentam despertar o falecido com luzes e cores, enquanto as entidades iradas causam medo e alucinações. O texto enfatiza que essas aparições apesar de apavorantes, são vazias e ilusórias, ou seja, são emanações da consciência do falecido. O falecido também se depara com luzes coloridas intensas, que oferecem a oportunidade de despertar. No entanto, se o falecido seguir luzes mais fracas e confortáveis, será atraído para o renascimento em um dos seis reinos do samsara (deuses, titãs, humanos, animais, espíritos ávidos e infernos), cada um associado a uma emoção negativa.

O renascimento humano é considerado o mais favorável para a busca espiritual, enquanto os outros reinos apresentam obstáculos. Apenas a libertação do ciclo de nascimento e morte, alcançada pelos Budas, elimina o sofrimento.

Se o falecido não se libertar no bardo da realidade, sua consciência segue para o próximo bardo, o "bardo do devir" (renascimento).

3)  O bardo do renascimento “Sidpa Bardo”:

O terceiro estágio é denominado como: "bardo do devir" (sidpa bardo), onde a consciência do falecido adquire um corpo mental supersensível, capaz de clarividência e movimento ilimitado, mas atormentado por visões aterrorizantes e uma intensa ânsia por um corpo físico.

Este corpo mental, produto do carma passado, permite ao falecido ver seu lar e entes queridos, mas sem poder interagir com eles. A instabilidade emocional é extrema, com a consciência à deriva como "uma pena ao vento", assombrada por algumas visões que assustam e que levam a uma busca de refúgio em vão.

A ânsia por um corpo físico cresce, levando a consciência a procurar um novo lar, até mesmo tentando reocupar o corpo anterior em decomposição. Neste estágio existe uma sensação de que os carmas estão sendo julgados, e de acordo com as ações cometidas em vida, o falecido pode sentir sensações de torturas que se repetem incessantemente, uma possível oportunidade para despertar da vacuidade dos fenômenos.

Com o decorrer do tempo, o corpo da vida anterior se desvanece, enquanto o do próximo renascimento se torna mais nítido. Seis luzes coloridas, representando os seis reinos do samsara, aparecem, com uma brilhando mais intensamente, indicando o futuro renascimento.

Atormentado por visões de tornados, o falecido busca abrigo, sendo atraído para o útero do próximo renascimento. A visão de um casal em união sexual, que serão seus futuros pais, desperta emoções intensas: aversão ao pai e apego à mãe para um corpo masculino, ou o oposto para um corpo feminino.

A emoção intensa leva à entrada no útero, onde a fecundação causa um êxtase semelhante ao da morte, seguido de inconsciência e o início do desenvolvimento embrionário, marcando o surgimento de uma nova vida.

Em cada bardo, a consciência encontra diversas manifestações, desde deidades pacíficas e iradas até paisagens e sons aterrorizantes. O reconhecimento dessas manifestações como projeções da própria mente é fundamental para a libertação.

O texto enfatiza a importância da prática da meditação e do reconhecimento da natureza da mente durante a vida, preparando o indivíduo para enfrentar os desafios dos bardos.

Em suma, o "Bardo Thodol" é uma obra complexa e multifacetada, que oferece um mapa para a jornada da consciência através dos estados intermediários. Sua riqueza simbólica e seus ensinamentos profundos continuam a intrigar e inspirar estudiosos e praticantes em todo o mundo.

Quais as referências do “Bardo” em outras tradições?

O conceito de estados intermediários após a morte, embora seja mais contundente no "Bardo Thodol", também encontra paralelos em diversas tradições espirituais e filosóficas ao redor do mundo. Embora as terminologias e os detalhes específicos sofram variações, o conceito de uma jornada da alma ou da consciência após a morte é um tema recorrente.

Algumas referências em outras tradições:

Antigo Egito:

O "Livro dos Mortos" egípcio, similarmente ao "Bardo Thodol", contém um guia para a jornada da alma através do submundo, com descrições de provações e julgamentos.

Ambas as obras compartilham a ideia de que a alma enfrenta desafios e precisa de orientação para alcançar um destino pós morte favorável.

Tradições Gregas e Romanas:

As mitologias grega e romana descrevem o Hades, um reino subterrâneo onde as almas dos mortos residem. Após a morte, a alma primeiro teria que passar no primeiro rio do submundo grego chamado Rio Estige.

A jornada de Orfeu ao Hades para resgatar Eurídice e a descrição do rio Estige e do barqueiro Caronte são exemplos de conceitos de estados intermediários.

Cristianismo:

A crença no purgatório, um estado intermediário onde as almas são purificadas antes de entrar no céu, é uma concepção similar ao bardo.

As visões do céu e do inferno também podem ser interpretadas como representações de estados de consciência pós morte.

Tradições Indígenas:

Muitas culturas indígenas ao redor do mundo têm crenças em jornadas da alma após a morte, frequentemente envolvendo encontros com espíritos ancestrais e provações.

As tradições xamânicas, em particular, frequentemente incluem descrições de viagens da alma a outros reinos.

Embora existam paralelos, cada tradição oferece sua própria interpretação e simbolismo únicos. O "Bardo Thodol" se destaca por sua detalhada descrição dos estados de consciência e seu foco na busca pela libertação do ciclo de renascimentos.

Entre tantas complexidades para entender a origem e o fim das coisas no nosso Universo, o que podemos concluir disso tudo?

- Bem, podemos imaginar a vida como uma grande peça de teatro, com um começo espetacular, o meio cheio de reviravoltas e um final que, para muitos, é um mistério. Podemos através de uma imaginação criativa explorar esse roteiro cósmico, desde o "ato um" da criação até o "gran finale" do Bardo.

Prólogo:

 A Gênese da Criação

O Big Bang e o Nascimento do Universo:

A ciência nos conta que tudo começou com o Big Bang, uma explosão colossal que deu origem ao universo. Imagine um balão se expandindo rapidamente, levando consigo galáxias, estrelas e planetas.

Essa explosão não foi apenas física, mas também o nascimento do tempo e do espaço.

A Evolução da Vida:

A partir dessa sopa cósmica, a vida emergiu, evoluindo de formas simples para a complexidade que vemos hoje.

Cada ser vivo, desde a menor bactéria até o maior mamífero, é parte dessa grande história.

O Ato Final:

 A Jornada do Bardo

O Que é o Bardo?

O Bardo, segundo a tradição tibetana, é um estado intermediário, um período de transição entre a morte e o renascimento.

É como um intervalo entre dois atos da peça, um momento de reflexão e transformação.

A Jornada da Consciência:

Após a morte, a consciência embarca em uma jornada através de diferentes "bardos", encontrando paisagens mentais e projeções da mente.

É como assistir a um filme da própria vida, revendo memórias e emoções.

A Busca pela Libertação:

O objetivo do Bardo é reconhecer essas projeções como ilusões e alcançar a libertação do ciclo de renascimentos.

É como despertar de um sonho e perceber a verdadeira natureza da realidade.

Conclusão:

 O Ciclo da Existência

A criação e o Bardo são partes de um ciclo contínuo, um eterno vai e vem da existência.

A vida é uma jornada de aprendizado e transformação, e a morte é apenas mais um passo nessa jornada.

A busca por conhecer a si mesmo, em vida, ajuda a reconhecer as projeções que a mente cria, e assim, ajuda a pessoa a ter um caminho mais tranquilo no Bardo.

Uma Metáfora:

Pense na vida como um rio: a nascente representa a criação, o curso do rio representa a vida e o oceano representa o Bardo.

O rio flui constantemente, encontrando obstáculos e paisagens diversas, até se fundir com o oceano.

O oceano, por sua vez, é a fonte de novas nascentes, dando continuidade ao ciclo.

É isso!.... Nós, como humanidade, ficamos com o que temos de informação até que evolutivamente possamos conseguir uma maneira melhor para se aprofundar na complexidade desse tema!